
O filme de Sam Mendes apresenta uma visão um pouco desencantada - para muitos realista - do amor e dos relacionamentos. Passada nos anos 50, a história é sobre um casal Wheeler, interpretado pelo 'casal Titanic', Kate Winslet e Leonardo DiCaprio. No princípio assumidamente contra as convenções sociais, acabam por entrar numa rotina que tanto abominavam.
Bem filmado, com imagem cuidada e cenas memoráveis (o adultério no carro, a monotonia na ida para o trabalho de Frank), o filme vive sobretudo das fabulosas interpretações: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e, num papel secundário, Michael Shannon (merecidamente nomeado para o Óscar). Daí que não se compreenda a falta de nomeações.
Kate Winslet é simplesmente brilhante no papel da primeiro sonhadora e depois desiludida April Wheeler. Como é possível não ser, sequer, nomeada? O Globo de Ouro fez-lhe justiça. E depois temos Leonardo DiCaprio, a quem não ficaria nada mal uma nomeação por este filme também. Terá jogado contra si uma certa imagem de 'menino bonito de Hollywood'.
Pelo menos a Academia não deixou escapar a performance de Michael Shannon. No papel de um homem com perturbações psíquicas, o actor constrói uma personagem inquietante e singular. Não fosse o outro maluco - leia-se o Joker de Ledger (curioso como os instáveis propiciam nomeações) - e seria de apostar e elogiar a vitória de Shannon na categoria de Melhor Actor Secundário (ok, é capaz de influenciar a votação, mas a 'vitória' de Ledger é do conhecimento geral).
Não falando sequer de uma nomeação para melhor realização espera-se, de um filme como este, pelo menos uma nomeação para Melhor Filme do ano. Tendo visto "Frost/Nixon", e apesar de ser um filmes com boas interpretações, não seria demasiado se fosse substituído por este na lista dos nomeados. Sem 'papas na língua', o filme de Mendes é de facto uma obra notável e que tem o condão de, como nos bons filmes, nos fazer sair da sala de cinema a pensar. Ainda para mais com aquela cena final, de uma crueza irónica fenomenal.
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