sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Revolutionary Road"

Por ter sido dito que não seriam feitos comentários sobre os filmes envolvidos nos Óscares para não influenciar as votações, seria lógico que não se pudesse falar ainda de "Revolutionary Road". Mas podemos, já que nas principais categorias apenas figura a nomeação para Melhor Actor Secundário.

O filme de Sam Mendes apresenta uma visão um pouco desencantada - para muitos realista - do amor e dos relacionamentos. Passada nos anos 50, a história é sobre um casal Wheeler, interpretado pelo 'casal Titanic', Kate Winslet e Leonardo DiCaprio. No princípio assumidamente contra as convenções sociais, acabam por entrar numa rotina que tanto abominavam.

Bem filmado, com imagem cuidada e cenas memoráveis (o adultério no carro, a monotonia na ida para o trabalho de Frank), o filme vive sobretudo das fabulosas interpretações: Kate Winslet, Leonardo DiCaprio e, num papel secundário, Michael Shannon (merecidamente nomeado para o Óscar). Daí que não se compreenda a falta de nomeações.

Kate Winslet é simplesmente brilhante no papel da primeiro sonhadora e depois desiludida April Wheeler. Como é possível não ser, sequer, nomeada? O Globo de Ouro fez-lhe justiça. E depois temos Leonardo DiCaprio, a quem não ficaria nada mal uma nomeação por este filme também. Terá jogado contra si uma certa imagem de 'menino bonito de Hollywood'.

Pelo menos a Academia não deixou escapar a performance de Michael Shannon. No papel de um homem com perturbações psíquicas, o actor constrói uma personagem inquietante e singular. Não fosse o outro maluco - leia-se o Joker de Ledger (curioso como os instáveis propiciam nomeações) - e seria de apostar e elogiar a vitória de Shannon na categoria de Melhor Actor Secundário (ok, é capaz de influenciar a votação, mas a 'vitória' de Ledger é do conhecimento geral).

Não falando sequer de uma nomeação para melhor realização espera-se, de um filme como este, pelo menos uma nomeação para Melhor Filme do ano. Tendo visto "Frost/Nixon", e apesar de ser um filmes com boas interpretações, não seria demasiado se fosse substituído por este na lista dos nomeados. Sem 'papas na língua', o filme de Mendes é de facto uma obra notável e que tem o condão de, como nos bons filmes, nos fazer sair da sala de cinema a pensar. Ainda para mais com aquela cena final, de uma crueza irónica fenomenal.

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