terça-feira, 8 de abril de 2008

web 2.0: definição e principais ferramentas

O termo “web 2.0” surgiu na sequência de umas conferências dedicadas à Internet promovidas pela empresa norte-americana O’Reilly Media, juntamente com a MediaLive International. Nestas conferências entendeu-se que a Internet tinha alcançado um outro patamar. Contudo, o novo conceito não obteve aceitação universal: há quem argumente que tudo não passa de uma estratégia de marketing, vendo o termo “web 2.0” como uma simples ‘buzzword’.

Mas, afinal, o que significa “web 2.0”? “Web 2.0” é um conceito que se refere a uma segunda geração de serviços possíveis na World Wide Web. Estes destacam-se pelo maior envolvimento e participação dos utilizadores na Internet. Essa aproximação entre o utilizador e a Internet deve-se sobretudo a uma maior interactividade, que permite que o utilizador usufrua de vários serviços com bastante facilidade, como, por exemplo, a criação de blogues ou páginas pessoais. Antigamente, o utilizador necessitava de ter conhecimentos informáticos, de programação e linguagem html, para poder aceder ao ciberespaço. Outra característica da “web 2.0” que a distingue da “web 1.0” é a participação dos utilizadores – se anteriormente o utilizador era um simples receptor, com acesso às páginas, hiperligações e conteúdos mas sem poder modificar nada, actualmente verifica-se uma grande participação do utilizador na elaboração dos conteúdos. Obviamente, isto levanta questões delicadas como a fiabilidade ou utilidade dos conteúdos, já que podem ser publicados por qualquer pessoa.

Muda também a maneira como se olha para a web: Tim O’Reilly, fundador da O’Reilly Media, destaca que a “web 2.0” «é a mudança para uma Internet como plataforma, e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência colectiva». Esta ideia de inteligência colectiva a que O’Reilly se refere está também presente num artigo do jornal brasileiro ‘Folha de São Paulo’, em que se diz que «A ideia é que o ambiente online se torne mais dinâmico e que os usuários colaborem para a organização de conteúdo». Uma das funcionalidades da “web 2.0” que permite que o utilizador contribua para a organização do conteúdo é o chamado ‘tagging’ (também referido como ‘folksonomy’), que consiste na possibilidade de atribuição de uma palavra-chave ou etiqueta a um conteúdo. Desta forma, os utilizadores vão agregando os conteúdos em ‘tags’, facilitando depois a consulta por termos/assuntos. Algo parecido com o ‘tagging’ é o ‘social bookmarking’ – as pessoas colocam ‘bookmarks’ nos seus sites predilectos, e essa lista de favoritos fica acessível online e pode ser partilhada e comentada.

Outra funcionalidade muito importante da “web 2.0” é a disponibilização de alertas de alterações/actualizações do conteúdo de um site para quem estiver interessado em receber essa informação, através dos ‘RSS feeds’. RSS significa ‘really simple sindication’, ‘distribuição realmente simples’ em português, em que há uma combinação das tecnologias ‘pull’ e ‘push’ – o utilizador recebe automaticamente (‘push’) as informações que indicou desejar receber num momento anterior, quando “subscreveu um feed” (‘pull’).

Os blogues, talvez a ferramenta mais conhecida e utilizada da “web 2.0”, podem ser publicados na web por qualquer um, dando origem a realidades interessantes, como o chamado ‘jornalismo do cidadão’ ou debates na blogosfera acerca dos mais variados temas. Existem ainda as wikis, que, como esclarece a ‘Folha de São Paulo’, são «Páginas comunitárias na Internet que podem ser alteradas por todos os usuários que têm direitos de acesso». Torna-se assim muito útil para a troca de informações ou ideias, em vários ambientes, tais como empresas, escolas, comunidades, etc.

O ‘Ajax’ (abreviatura de ‘JavaScript’ e ‘XML assíncrono’), é «Um pacote amplo de tecnologias usado a fim de criar aplicativos interactivos para a web» (‘Folha de São Paulo’). Segundo este jornal, esta ferramenta é das mais apreciadas entre os criadores de sites e serviços na web. De referir ainda os ‘mash-ups’, que são serviços que apostam na combinação de diferentes funções. Neste caso podemos dar o exemplo do Windows Live, que combina ferramenta de busca, com e-mail, interface de comunicação (Messenger), entre outros; ou ainda o exemplo de um site de mapas online que se associa a um serviço de venda de casas, possibilitando assim um serviço combinado de localização de casas à venda. Está presente, então, uma perspectiva de convergência de serviços.

É muito vasta a lista de sites onde o conceito de “web 2.0” está presente, onde sobressai a participação e interacção do utilizador. A ‘Wikipedia’ é uma enciclopédia de livre acesso baseada na já referida “inteligência colectiva”, uma vez que qualquer um pode criar ou editar as entradas dessa enciclopédia. Como consequência, esta enciclopédia contém um enorme volume de informação e encontra-se em constante actualização, assumindo-se como um verdadeiro caso de sucesso. Outro sucesso, mas na área dos vídeos, é o ‘Youtube’: como o próprio nome indica, o papel principal é do utilizador, que pode acrescentar vídeos, criar ou subscrever canais, ver vídeos de outros e comentar. O ‘Youtube’ assumiu-se como verdadeiro baluarte da liberdade de expressão, uma vez que possibilita a exposição de vídeos com alcance mundial; ainda recentemente, em Portugal, foi através do ’Youtube’ que se descobriu um caso de uma agressão de uma aluna a uma professora e que colocou a violência escolar no topo da agenda nacional.

O ‘Blogger’, serviço que possibilitou a qualquer pessoa possuir uma página pessoal (um blogue), também contribuiu obviamente para uma liberdade de expressão cada vez maior, permitindo a exposição de conteúdos na web – e, portanto, acessíveis a qualquer computador no mundo com acesso à Internet – sem qualquer tipo de dificuldade ou controlo. É evidente que este tipo de realidades faz surgir novos problemas: a falta de controlo torna mais fácil o uso destes serviços para fins menos próprios, como difamações, mensagens violentas ou racistas, pornografia ou pedofilia; a utilização de serviços como o ‘BitTorrent’, através do qual se pode fazer o download de séries de TV, músicas e filmes pode levantar questões de copyright; o próprio relacionamento social através de redes como o ‘Orkut’ pode levar a alterações na forma como as pessoas interagem.

Continuando com a exemplificação de sites “web 2.0”, e ainda nas páginas pessoais/redes de relacionamento social, não se pode deixar de referir o ‘My Space’. Como se pode concluir pelo nome, cada um tem o seu espaço, podendo através deste serviço encontrar outras pessoas com interesses semelhantes, pertencer a comunidades, ou ainda partilhar conteúdos – o ‘My Space’ tem sido, aliás, rampa de lançamento para muitos artistas musicais. Peculiar é o propósito do ‘Twitter’ – é um espaço para as pessoas poderem dizer o que estão a fazer naquele momento, e saber o que fazem os outros, conhecidos ou não.

O ‘Del.icio.us’ e o ‘Digg’ são bastante semelhantes, apresentando as páginas mais populares, com procedimentos diferentes: no primeiro as pessoas colocam ‘bookmarks’ nas páginas favoritas, enquanto que no segundo as pessoas avaliam as páginas através de votos.

Por fim, na área da música pode referir-se o ‘Last.fm’, que como explicita um artigo do JPN, «sugere novos artistas ao utilizador em função das bandas que ele mais ouve». Existem ainda muitos outros que poderiam ser referidos – como os largamente (re)conhecidos ‘Google’, ‘eBay’ ou ‘Amazon’ –, pois a quantidade e variedade de oferta são muito alargadas.

Para concluir, saliente-se ainda que, apesar da polémica que envolve o conceito da “web 2.0”, já se fala numa “web 3.0”, uma Internet inteligente, que compreenda o utilizador, o que demonstra bem como no ciberespaço a inovação é uma constante.

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